Revista Paint & Pintura - Edição 228

ARTIGO 14 | PAINT&PINTURA | Dezembro 2017 E PROJEÇÕES PRAGMÁTICAS DO MERCADO DE TINTAS BRASILEIRO PARA OS PRÓXIMOS ANOS POR FRANCISCO RÁCZ & WASHINGTON YAMAGA, DA RÁCZ, YAMAGA & ASSOCIATES xiste uma afirmação entre os participantes domercado de tintas noBrasil que se tornou umhábito, quase ummantra: “O mercado de tintas cresce 1% acima do PIB”. Os dados dos últimos anos não refletemessa afirmação e, obviamente, se observa uma relação entre a evolução do PIB e o mercado de tintas, mas que não pode ser traduzida por uma equação simplista (Figura 1). O setor de tintas está atento às discussões sobre o futuro da nova classe média, como apregoado pelo IBGE nos últimos cinco anos, assim como as discussões em estudo recente do BancoMundial, que enfatizamo surgimento dos novos pobres. As empresas mantêm uma visão pragmática, revisitando crité- rios para projeções que levamem consideração outros fatores que não apenas a renda familiar para dimensionar o impacto dos consumidores nos negócios de tintas. Figura 1: Evolução do PIB e do mercado de tintas brasileiro MODELO ECONOMÉTRICO PARA CONSUMO DE TINTAS A Rácz, Yamaga & Associates tem estudado e acompanhado o mercado de tintas no Brasil há décadas. E, sobretudo, na década recente se observou que os vários segmentos de tintas evoluíram segundo indicadores ou drivers diversos e especí- ficos. Observou-se, contudo que um indicador que poderia ser utilizado com um fator, com maior ou menor peso, para todos os segmentos era a evolução (crescimento) da parcela da população incluída na classe média. Uma definição de clas- se média que adota- mos foi a utilizada por Cardenas em seu estudo de 2011 para a América Latina publi- cado pelo Brookings Institute de Washing- ton - EUA: classe mé- dia seria aquela com gasto diário per capita entre US$ 10 e US$ 100, medidos em PPC (Paridade do Poder de Compra). Trata-se de uma de- finição bastante ampla, mas possível de ser adotada nos estudos e análises pela sua consistência técnica e independência. Essa definição de estrato social é mais abrangente que definições existentes das classes A, B e C; permite a leitura de consumo, mesmo com a mobilidade de rendas entre as classes por efeitos macroeconômicos em épocas de crise. Nos estudos realizados e baseados nos dados his- tóricos para os vários segmentos se observou que algumas outras variáveis estavam influenciando o consumo de cada segmento. Por exemplo: produção de veículos novos afeta diretamente os mercados de tintas automotivas originais, tintas para peças plásticas e, parcialmente, o consumo do mercado de autopeças. Por outro lado, o tamanho da frota de veículos cir- culante e seu crescimento (movido pelas vendas de veículos novos, subtraindo-se o sucateamento, obso- lescência de veículos) afeta diretamente o consumo Francisco Rácz, da Rácz, Yamaga & Associates

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