Show do Pintor Profissional - Edição 217

SHOW DO PINTOR • MAIO 2021 26 ARTIGO Desde o início da pandemia, o setor de constru- ção civil - e todos os varejistas de materiais de construção, elétricos, hidráulicos e de tintas - po- diam abrir suas lojas, sempre respeitando as re- gras de atendimento que privilegiavam o distan- ciamento social e as normas de higiene. Foi um ano em que o setor teve um excelente desem- penho, ainda mais porque muitas pessoas passa- ram a trabalhar em casa e optaram - por vontade ou necessidade - por fazer obras e reformas. Porém, na fase mais restritiva do Plano São Paulo, os varejistas de todos os portes ficaram impedidos de trabalhar da forma tradicional, podendo operar por drive-thru e com delivery. Neste momento, quem não se preparou adequa- damente durante o ano sentiu o peso da crise. Já quem vinha se estruturando para operar com novos canais de varejo conseguiu superar a crise e, agora, novamente, as lojas estão abertas, na flexibilização. Segundo a Abrafati - Associação Brasileira de Fabricantes de Tintas, o setor cresceu 3,5% em 2020, produzindo nada menos do que 1,623 bi- lhão de litros. Desse montante, 83,4% - ou 1,354 bilhão de litros - equivalem às tintas imobiliárias, o que mostra o gigantismo do setor. COMO A PANDEMIA ESTÁ IMPACTANDO O MERCADO VAREJISTA DE TINTAS Por: Nassim Katri, CEO da Pinta Mundi Tintas Com a pandemia, a necessidade de manter-se em casa fez com que o consumidor desse mais atenção ao seu ambiente - e pintá-lo foi uma ação natural. Algumas redes varejistas cresce- ram, em faturamento, até 110% de um mês para o outro, em plena pandemia. E muitos aprende- ram a trabalhar com o cliente de maneiras que, antes, não eram comuns, com atendimentos à distância, fossem eles por telefone, WhatsApp, delivery, e-commerce ou drive-thru. A crise for- çou o varejista a adotar novas práticas comer- ciais, relacionando-se com seu cliente com pro- ximidade e mais estratégia. Quando a restrição do Plano São Paulo chegou, não esperávamos ser incluídos nas restrições, porque pequenas lojas - essa é a composição de 80% do setor - não comportam aglomerações de clientes e, mesmo que o fizessem, não teriam uma procura tão grande por representar alto ris- co de contaminação. Não somos um setor que forma filas de consumidores nas portas ou aglo- merações nos balcões. A restrição foi coerente para os home centers, que assemelham-se aos shoppings centers e, abertos nos finais de sema- na, principalmente, tornaram-se local de passeio para famílias. Esses sim podem ser considerados locais de alto risco de contaminação. Porém, boa parte dos pequenos varejistas estava preparada para encarar a nova situação - a bom- ba caiu, mas não espalhou muitos estilhaços. Com estrutura para fazer entregas, equipes trei- nadas para o delivery e o drive-thru, foi preciso informar o cliente da nova modalidade de com- pra disponível e continuar trabalhando. Desta forma, para os comerciantes que se prepararam durante todo o ano, a situação não causou gran- de impacto de faturamento - inclusive, algumas redes conseguiram manter estabilidade de ven- das suficiente para manter as contas em dia, mas o impacto não possa ser desconsiderado. Mas para aqueles que confiaram na imunidade do se- tor, a situação piorou a cada dia de loja fechada. Ainda não temos plena certeza de como serão os próximos meses e se haverá novos períodos de restrições mais severas, com fechamento das lojas. Esperamos que não porque, como citei, as lojas de tintas de pequeno porte não têm perfil de causar aglomerações. O setor de tintas e da cons- trução civil, no geral, são grandes empregadores e manter as lojas fechadas certamente causará de- semprego. As lojas de materiais de construção são o primeiro passo da indústria da construção civil e, fechadas, causarão grande impacto em toda a cadeia, especialmente para os setores pós-cons- trução, como transporte, projetos, móveis e de- coração, entre outros, porque eles só trabalham após a conclusão das obras. O encadeamento pode ser preocupante, a curto prazo. “A crise forçou o varejista a adotar novas práticas comerciais, relacionando-se com seu cliente com proximidade e mais estratégia”. Crescimento do setor de tintas em 2020 = 3,5% Volume produzido = 1,623 bilhão de litros. 83,4% - ou 1,354 bilhão de litros - equivalem às tintas imobiliárias

RkJQdWJsaXNoZXIy MTY1MzM=