Revista Paint & Pintura - Edição 284

EMBALAGENS METÁLICAS 60 | PAINT&PINTURA | JUNHO 2023 poluição dos oceanos. Pesquisa que acaba de ser divulgada pela PLOS ONE, publicação norte-americana voltada para a divulgação de estudos científicos, mostra que a poluição dos mares por moléculas de plástico está aumentando de forma ‘rápida e sem precedentes’. De acordo com o estudo, os mares do mundo comportam hoje cerca de 171 trilhões de partículas de plástico que, se reunidas, pesariam cerca de 2,3 milhões de toneladas. É o resultado do descarte incorreto de itens produzidos à base dessesmateriais, entre eles embalagens utilizadas em larga escala e sem qual- quer tipo de revalorização consistente.” Na luta da indústria para baratear as embalagens e, ao mesmo tempo, dar ao produto um ar sustentável, são criadas opções que parecem o que não são, alerta Thais, da Abeaço. “Um bom exemplo são as embalagens para tintas que chegaram recentemente ao mer- cado. Por fora, é uma caixa de papelão, material que não apenas é reciclável, como tambémbiodegradável. Dentroda caixa, no entanto, há uma bolsa plástica flexível acondicionando o produto. Isso significa que a embalagemtempotencial enorme de poluir omeio ambiente, pois o plástico flexível dificilmente é revalori- zado no Brasil.” TENDÊNCIAS O aço é 100% e infinitamente reciclável, reutilizável e degradável, afirma Thais. “Dentre as opções de material para embalagens, o aço sai na frente por inú- meras razões. A primeira delas, e que só a lata de aço tem, é a extrema facilidade de separação entre materiais orgânicos e não orgânicos pela atraçãomagnética, facilitando a seleção de resíduos. A cada ano, são recicladas no mundo cerca de 385milhões de toneladas de aço, ou seja, a cada diamais de 1 milhão de toneladas são recicladas. No Brasil, 47% das latas de aço são recicladas pelo índice estimado pela siderurgia. Pelo Prolata, em 2022, foram revalorizadas e rastreadas mais de 67 mil toneladas de embalagens de aço pós-consumo. O Prolata não só tra- balha o lastro ambiental, mas também social, com trabalho em cooperativas de catadores e catadoras de materiais recicláveis, educação em parceria com redes de ensino, e governança, contri- buindo para o avanço do ESG.” EVOLUÇÃO DO PROLATA Alguns anos depois do surgimento da Abeaço, regulamentou-se a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei no 12.305/10. Em linha com essa importante legislação, então, acontece a fundação da Associação Prolata, uma iniciativa pioneira em relação à PNRS e constituída formalmente em 2012. Esta foi a primeira entidade gestora de único material a se comprometer com o Mi- nistério do Meio Ambiente em atenção à essa legislação, explica Thais. “Em 11 anos de atividade, a Prolata já conta com 74 cooperativas de catadores e catado- ras de materiais recicláveis, espalhadas por 17 estados brasileiros e no Distrito Federal. A associação também possui 50 entrepostos parceiros, além de duas centrais mecanizadas.” Por meio da Prolata, a Abeaço também firmou uma série de parcerias com empresas e associações para garantir a destinação correta dos resíduos de embalagens de aço. “Outra frente de atuação são os Pontos de Recebimen- to, pontos que têm como público-alvo o consumidor final. Eles são instalados em lojas de varejo e visam chamar a atenção de um público mais amplo para a importância da reciclagem das latas de aço. Atualmente, são 335 pontos de recebimento da Prolata espalhados por todo o Brasil, sendo 207 geridos pela própria associação, e outros 128 geren- ciados em uma parceria com a Triciclo Ambipar”, informa Thais. Mas as empresas fornecedoras de em- balagens metálicas e os próprios fabri- cantes de tintas podem contribuir ainda mais com o Prolata e a reciclagem em geral. “Oque temos feito como varejo é trabalhar em conjunto para incentivar a população sobre a reciclagem das latas. Emparceria comalgumas lojas e cidades, disponibilizamos pontos de recebimen- to para descarte de qualquer tipo de recipiente de aço: lata de tinta, thinner, alimentos, entre outros”, salienta Thais. Como próximos passos no programa de recuperação de embalagens metálicas, segundo Thais, é preciso avançar na educação ambiental e nas tratativas com os municípios. “Os resíduos estão nas cidades, fazendo comque estas articula- ções sejamextremamente importantes. Estamos trabalhando para que não haja impactos relacionados aos custos para a indústria usuária de embalagens e, sim, para que possamos ampliar o número de associados e aderentes ao Programa Prolata.” Nomomento, a presidente executiva da Abeaço informa que está trabalhando fortemente no aumento da reciclagem. “Vale destacar que entre janeiro emarço deste ano, a Prolata reciclou cerca de 8,7 mil toneladas de latas de aço pós- -consumo; ampliação das aplicações em que a lata de aço pode ser utilizada por meio de novas tecnologias, visando ter participação em novos mercados; na maior conscientização da população sobre as vantagens do material.” Thais Fagury, presidente da Abeaço e diretora da Prolata

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