Revista Paint & Pintura - Edição 295

EMBALAGENS METÁTLICAS PAINT&PINTURA | JUNHO 2024 35 A construção civil é uma indústria em constante mudança e evolução. Em 2023, a projeção da Câmara Brasileira da Indús- tria da Construção (CBIC) era de expansão de 2% da constru- ção civil. Para 2024, o índice de crescimento é de 2,3%. Esses índices foram refletidos na indústria de tintas em 2023. Para 2024 espera-se um avanço mais expressivo devido a logística reversa e questões ambientais latentes em todo o mundo. Thais Fagury, presidente executiva da Abeaço e Prolata, in- forma que a Prolata Reciclagem fechou o ano de 2023 com 4.170,91kg de latas coletadas pós-consumo em construções civis nas fases de execução e acabamento do empreendimen- to. “Ao todo, foram realizadas pelo Programa 352 coletas em 67 obras e em 40 empresas de outros segmentos geradores de latas de aço de tintas pós-consumo no Estado de São Paulo. Para garantir esses resultados, a Prolata conta com parcerias com os principais sindicatos de construção civil dos Estados do Brasil, que indicam os empreendimentos recorrentes na região. Em São Paulo, por exemplo, o Programa possui apoio do Sinduscon São Paulo (Sindicato da Construção Civil do Es- tado de São Paulo). No Estado, possui mais de 20 construtoras parceiras e aproximadamente 180 obras cadastradas que já realizaram descarte de latas com a Prolata. Inclusive, lojas que revendem tintas são locais que podem receber Pontos de Recebimento de latas de aço. Hoje, os geridos pela Prolata, muitos deles em parceria com a Abrart, já estão espalhados em72 cidades brasileiras, mas esse número pode crescer ainda mais com a ajuda de lojistas.” DESAFIOS DO SETOR DE AÇO NO BRASIL O principal desafio do setor de aço no Brasil é garantir a sua reciclagem, descarte e captação adequados, alerta Thais, da Abeaço. “Ainda não existe conscientização por parte do consu- midor e da indústria sobre a destinação final das embalagens. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi promulgada em2010, pormeioda Lei nº 12.305, visandopromover a redução da geração de resíduos, coleta seletiva, a separação adequada entre materiais orgânicos e recicláveis, e a revalorização de materiais e, até hoje, há muitos municípios que não possuem nem coleta ou a coleta é insuficiente, sendo muito material descartado e aterrado.” Mesmo assim, em todos os Estados em que a Prolata Recicla- gem está presente, o Programa bateu suas metas de lata de aço e foi além, segundo Thais. “A política de resíduos sólidos fala em responsabilidade compartilhada e a Prolata é a única entidade gestora que trabalha com todos os atores da cadeia, desde fabricantes de latas a varejo, indústria usuária de latas e indústrias siderúrgicas, que são a ponta recicladora.” O preço domaterial é bome a indústria, hoje, temequipamen- tos robustos, não só a indústria fabricante de aço, mas também a recicladora intermediária, os sucateiros, a indústria, comércio atacadista de sucata. “Não há falta de compradores. Se conse- guirmos arrecadar 100% do volume de latas de aço utilizadas, conseguiremos revalorizar 100% dessematerial. Hoje, o volume arrecadado está muito aquém, inclusive, das capacidades das siderurgias, que só não adquirem mais materiais porque não há disponível no mercado, então podemos dizer que os prin- cipais desafios relacionados a embalagens de aço são falta de informação adequada ao consumidor final, dificuldade para o descarte e pouca conexão com os municípios”, revela Thais. EMBALAGENS METÁLICAS VERSUS EMBALAGENS PLÁSTICAS Nos últimos anos, muito se fala que as embalagens plásticas têmganhado o espaço das embalagens metálicas emdiversos setores, incluindo o de tintas, principalmente devido à questão de preço. Para Thais, essa situação, hoje, é passageira. “Oplás- tico é essencial para diversos segmentos, como farmacêutico, hospitalar, ousopara embalagens é oprincipal desafiodo setor e o de maior impacto socioambiental. A falta de reciclagem e o descarte inadequado sucumbem milhares de animais e até seres humanos. Microplásticos foram encontrados na placenta, no coração, no rim, no ar, no leite materno e até nos alimentos. Estima-se que mais de 90% dos seres humanos contenham microplásticos no organismo. Não sou eu quem está dizendo, são estudos e pesquisas científicas de todo o mundo. Empresas defendemo usode baldes plásticos. Mas até quando? Até quando fecharemos os olhos para os problemas causados pelo uso indiscriminado do material? Para alguns setores o material é essencial, para outros, como o de tintas, Thais Fagury, presidente executiva da Abeaço e Prolata

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