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PAINT & PINTURA
Abril 2013
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para substituição parcial do dióxido
de titânio, pois tinha uma convicção
técnica bem fundamentada de que os
caulins delaminados seriam ótimos
espaçadores óticos para extensão do
pigmento branco mais consumido no
planeta, o dióxido de titânio”, relata
Ricardo Aurélio da Costa, assessor
técnico da Itatex.
O grande empreendedor persistiu nes-
sa ideia por mais de dois anos até ser
homologado, por uma grande empre-
sa transnacional e que hoje continua
consumindo tal produto para produ-
zir tintas decorativas e imobiliárias de
primeira linha. “Enfrentou com uma
grande convicção técnica o desafio
de introduzir caulins ultrafinos e
com baixo teor de eletrólitos na for-
mulação de tintas automotivas para
controle de brilho, desgaste, solidez e
dureza do revestimento automotivo.
Concorreu com produtos minerais
importados análogos e conquistou o
cliente pela qualidade de seus produ-
tos minerais e serviços, além do seu
grande comprometimento técnico em-
presarial. Nunca deixava o seu cliente
na mão, mesmo para as demandas
eventuais de produtos não programa-
das, pois fazia mais do que o possível
para atendê-los”, conta Costa.
Alonso desenhou produtos minerais
ultrafinos para concentrados de tin-
tas de impressão de fácil dispersão que
apresentam alta classificação na esca-
la Hegman. “Seu histórico para aten-
der o mercado de tintas não parou por
aí e investiu no desenvolvimento de
vários produtos minerais funcionais
e de alta especificidade para aten-
der novas necessidades. Dentre eles,
destacam-se produtos minerais que
conferem às tintas decorativas alta
cobertura úmida, produtos minerais
com boas propriedades emulsificantes
para tintas de impressão, bem como
os modificadores reológicos para
tintas. Foi mais uma vez um grande
pioneiro, transformando montmori-
lonitas nacionais em modificadores
reológicos que conferem às tintas a
tixotropia requerida para facilitar o
espalhamento e evitar o escorrimento
durante a aplicação”, detalha Costa.
Atualmente, os produtos minerais
que possuem tal funcionalidade são
importados há décadas pelo mercado
de tintas. Trata-se de sais de amônio
quaternários, intercalados entre as
lamelas dos cristais de montimorilo-
nitas. “O engenheiro Alonso vislum-
brava não só criar uma nova opor-
tunidade de negócio, mas reforçava o
seu comprometimento em desenvolver
especialidades minerais, isto é, produ-
tos minerais de alto conteúdo tecnoló-
gico análogo aos produtos importados
tidos como de alto desempenho. Uma
façanha técnica que exigiu muitos dos
seus conhecimentos de engenharia
de minas e que foi reconhecida na
publicação do Centro de Gestão de
Estudos Estratégicos, vinculado ao
MCT, citando a Itatex como uma das
empresas que desenvolvem produtos
minerais nanoestruturados, em2008”,
revela Costa.
A família de modificadores reoló-
gicos, idealizada por Alonso e sua
equipe de colaboradores, não se
consolidou no mercado de tintas
da forma como imaginou, uma vez
que os sais de amônio quaternário
produzidos no Brasil triplicaram de
preço em função do aumento abusivo
do preço do sebo por ser prospectado
como matéria-prima para fabrica-
ção de diesel. “Isto fez com que o
preço da principal matéria-prima
empregada na fabricação dos sais
de amônio quaternário aumentasse
de preço e também fez com que os
modificadores reológicos desenvolvi-
dos pela Itatex se tornassem menos
competitivos comercialmente que os
seus análogos importados. Mais uma
vez, ele não desistiu e descobriu um
nicho de mercado que pagava por
uma nova função para esse tipo de
produto: o ajuste da condutividade
elétrica de tintas eletrostáticas,
empregando baixas concentrações
de argila organofílica, desenvolvida
pelo projeto que idealizou, coordenou
e financiou”, lembra Costa.
A presença dessa argila organofílica
permitiu o melhor aproveitamento
da tinta eletrostática em mais de
20%, quando é aplicada para pin-
tura em carrocerias de ônibus, por
meio do processo de pulverização.
“As gotículas da tinta carregadas
eletricamente são atraídas pela car-
roceria aterrada, reduzindo a perda
de tinta durante a pintura por pul-
verização. Alonso era um visionário
e suas ideias não ficavam no papel,
pois sua capacidade de realização
ultrapassava em muito as limitações
econômicas. Em 2007, fez um grande
empreendimento na empresa, cons-
truindo um laboratório de pesquisa
e desenvolvimento com uma área
dedicada não só ao desenvolvimento
de novos produtos funcionais para
tintas, mas também para realizar
testes específicos e demonstrar o
desempenho técnico dos produtos
minerais destinados ao mercado de
tintas. Ele foi um grande empreen-
dedor, um grande engenheiro e um
homem de muitas ideias interessan-
tes e transformadoras que levaram
a empresa Itatex a ser premiada e
reconhecida várias vezes por seus
clientes e por entidades como Siti-
vesp e Abrafati”, declara Costa.