Revista Lojas de Tintas - Edição 138 - page 9

Lojas de Tintas
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Matérias-primas menos agressivas estão presentes em diversos
segmentos, e não por estratégia de venda, mas para melhorar as
questões climáticas e a qualidade de vida. O setor de construção
civil está muito presente e engajado nas práticas sustentáveis,
e as tintas seguem o mesmo ritmo. Atualmente, 87% das tintas
imobiliárias são à base de água, o que elimina o uso de solventes
orgânicos no produto, trazendo ganhos ambientais por reduzir a
emissão de gases.
Incentivo à sustentabilidade
A Associação Brasileira dos Produtores de Tintas (Abrafati) preo-
cupa-se com questões ecológicas relacionadas à tinta. O programa
Coatings Care é um claro exemplo e atende a várias demandas re-
lacionadas à sustentabilidade, além de segurança e saúde ocupa-
cional. O programa é adotado, hoje, por fabricantes de tintas em
diversos países das Américas, da Europa e da Ásia, e estabelece
diretrizes para administrar as responsabilidades dos fabricantes
de tintas com relação à saúde, à segurança e aos cuidados com o
meio ambiente. O Coatings Care é composto por quatro códigos:
Gestão de Produto; Gestão da Produção; Transporte e Distribui-
ção; e Responsabilidade Comunitária – cada um deles com várias
práticas gerenciais. O conteúdo foi revisado no Brasil e adaptado
à legislação local.
Gisele Bonfim, gerente técnica e de assuntos ambientais da Abra-
fati, explica que o Coatings Care é uma ferramenta de alta avalia-
ção para buscar melhorias, tanto em relação às pessoas, visando
o bem-estar de quem usa o produto, quanto ao próprio processo.
“O cuidado vai desde o entorno da empresa, para que os cami-
nhões não façam barulho em horários inoportunos, por exemplo,
até questões de melhorias para a
comunidade que vive próxima às
fábricas”, afirma ela. “Mas o foco
principal é na questão ambiental:
redução de aditivos pesados, entre
outros.”
Gisele também ressalta que durante
todo o tempo em que coordena o
projeto percebeu que as indústrias
de tinta participantes têm investido
bastante no quesito sustentabilida-
de. “Não tenho o número exato, mas
afirmo que a maioria dos participan-
tes investe muito em sustentabilida-
de, como na fábrica, em pesquisas e
em novas tecnologias, entre outros.
Todos os investimentos feitos levam
em consideração o meio ambiente.”
Construções sustentáveis
Felipe Faria, gerente de relações
institucionais e governamentais do
Green Building Council do Brasil,
órgão responsável pela emissão do
LEED (Leadership in Energy and En-
vironmental Design), sistema inter-
nacional de certificação e orientação ambiental para edificações,
utilizado em 143 países, com o intuito de incentivar a transforma-
ção dos projetos, obras e operações das edificações mais susten-
táveis, esclarece que usar tinta ecológica não é item obrigatório
para adquirir a certificação, mas quase 100% das obras optam
pela prática, por ser um item sustentável de grande importância
e valor relativamente baixo, se comparado com outras ações tam-
bém sustentáveis
A certificação internacional LEED tem sete dimensões a serem
avaliadas nas edificações. Quando mais ações relacionadas ao
meio ambiente são feitas, mais pontos a construção atinge. O ní-
vel da certificação é definido conforme a quantidade de pontos
adquiridos, podendo variar de 40 pontos até 110 pontos, o nível
platina.
Segundo Faria, “diversas práticas da pintura podem tornar-se
mais ecológicas, desde que pensadas. Usar tinta que não retém
calor, por exemplo, para pintar os tetos, evitando que o calor da
área externa passe para a área interna. Esse tipo de aplicação evi-
ta as ilhas de calor. Principalmente nos grandes centros urbanos
nota-se uma grande melhora de qualidade de vida e bem-estar de
quem está do lado de dentro, além dos ganhos energéticos”.
Faria conta que quando o Green Building Council (GBC) foi criado
no Brasil, em 2007, o setor de construção civil tinha certa carên-
cia de produtos e soluções menos agressivas para as obras, mas
em poucos anos todo o segmento conheceu grandes avanços.
“Percebemos que a área de tintas, como um todo, fez adaptações
ecológicas muito rápidas, e a maioria dos fabricantes tem alguma
solução ecológica para oferecer os consumidores.”
Contribuição das tintas
As tintas imobiliárias não ficam para
trás no quesito sustentabilidade, e
com frequência são criadas novas
soluções ecológicas. As práticas
mais difundidas são tintas à base
de água e com baixos índices de
componente orgânico volátil (VOC).
Exposição prolongada ao VOC pode
causar problemas respiratórios, irri-
tação nos olhos e garganta e dor de
cabeça, além de causar imenso pro-
blema ao meio ambiente – quando
o descarte é feito em água corren-
te, tem grande poder de poluição.
Nas latas de tinta é comum ver um
termo que indique baixa toxidade:
ecológica, green, sustentável, entre
outros. Entretanto não existe nor-
ma técnica que estabeleça os requi-
sitos para a tinta ser sustentável.
Faria explica que, apesar de não
haver uma especificação concreta
no Brasil, é fácil caracterizar as tin-
tas dentro de padrões ecológicos.
“Dentro das construções susten-
1,2,3,4,5,6,7,8 10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,...52
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