Revista Lojas de Tintas - Edição 138 - page 42

ARTIGO
Lojas de Tintas
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No caminho da
sustentabilidade
A evolução industrial aconteceu de for-
ma acelerada e acabou fazendo com que
as empresas se descuidassem das con-
sequências e de como a preservação da
natureza, da saúde das pessoas e dos ani-
mais poderia estar sendo afetada.
As tintas não poderiam caminhar em
outra direção, até por que grande parte
destas apresentavam em sua composição
os chamados compostos orgânicos volá-
teis (VOCs) em níveis insatisfatórios, além
da presença de metais pesados, dos for-
tes odores, etc. As tintas convencionais
eram, geralmente, a parte mais poluente
de uma construção.
Pensando nisso e na procura por em-
preendimentos sustentáveis, a indústria
de tintas e revestimentos começou a in-
vestir em produtos considerados susten-
táveis e mais amigáveis ao meio ambiente
e ao ser humano. Destaque para a utili-
zação de garrafas PET na produção e das
tintas feitas com cal e pigmentos naturais.
São tintas naturais ou orgânicas que uti-
lizam como matéria-prima extratos vege-
tais e minerais misturados com óleos e
resinas naturais.
Esses materiais naturais têm a função
de deixar a parede respirar, garantindo
assim o controle da umidade relativa do
ar e impedindo o desbotamento. Outras
usam materiais minerais e devem ser di-
luídas em água antes do uso. Por serem
Em todos os setores da economia os temas
sustentabilidade e ecologia estão presentes.
* Por Sergio Dennis Campéas, diretor da Campeas Assessoria & Planejamento e da
Tracing Consulting.
naturais, esses produtos não possuem
conservantes. Isso faz com que a data
de validade seja menor e demoram mais
tempo para secar depois da aplicação
(pois não têm produtos químicos em sua
composição). O ponto positivo é que es-
sas tintas podem ser descartadas com o
lixo comum, sem causar contaminação. Já
as tintas à base de solventes devem ser
encaminhadas para serviços especiais de
coleta de produtos químicos.
Em determinadas empresas, alguns pro-
dutos receberam certificação pelo LEED
(em português, Liderança em Energia e
Design para o Meio-Ambiente), o que ga-
rante que sua produção segue rigorosos
critérios de emissão de VOC (Compostos
Voláteis de Carbono), além da excelência
na qualidade. Outras empresas e setores
criaram seus próprios selos de sustentabi-
lidade, com preceitos baseados no LEED
e no Conselho Europeu das Indústrias de
Pintura (CEPE). Essas certificações dis-
tinguem tintas com odores suaves, sem
solventes orgânicos ou metais pesados e
com baixa concentração de VOC. Em pa-
ralelo surgiu e se fortaleceu o conceito
das “construções verdes” e os profissio-
nais especializados no tema.
O nível de exigência do consumidor final
por produtos menos agressivos ao ho-
mem e ao meio ambiente tem aumen-
tado no Brasil. Pesquisas já mostram um
Sergio Dennis Campéas, formado em
engenharia civil pela Universidade
Mackenzie, com especialização em
administração de empresas pelo Curso
Intensivo de Administração da Fun-
dação Getúlio Vargas e pós-graduado
em marketing pela Escola Superior de
Propaganda e Marketing.
aumento gradativo na conscientização
das pessoas e isso vem se materializando
dia a dia, mesmo que em uma velocida-
de ainda abaixo do esperado, na hora da
escolha e da compra de um determinado
produto. Um exemplo são os esmaltes à
base de água, as tintas de baixo VOC, as
de baixo odor e as antibacterianas.
As vendas estão substancialmente mi-
grando para esses produtos, que têm
uma argumentação de venda diferen-
ciada, ou seja, são propostas funcionais,
sem deixar de ter um apelo emocional
por trás. Acabam atingindo uma parce-
la muito grande de consumidores, por
oferecerem diferentes vantagens para
distintos “clusters” de consumo. Muitas
pessoas já pagam mais por um produto
ecologicamente mais correto.
As tintas base água já eram as mais re-
presentativas do mercado, em função da
relação de consumo entre alvenarias e
madeiras e metais. Com esse processo de
conscientização e necessidade, a grande
maioria dos produtos base água tem bai-
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